Madre Maria de Jesus,
Diocese de São Paulo,
surpreendeu a todos no Encontrão 2000
com seu Testemunho de vida.
Ex-catequista protestante
ela conta sua dramática conversão
através da cura de leucemia de seu filho.
Desde criança fui membro da igreja Presbiteriana e era
muito feliz. Trabalhava como superintendente em uma escola dominical e tinha
um único filho de meu casamento, que não foi bem sucedido. Meu
esposo era doente mental e logo no primeiro ano de casamento precisou afastar-se.
Aos quatorze anos, meu filho começou a ficar doente: tratava-se de uma
anemia que não sarava, até que o médico descobriu que não
era anemia o que ele tinha, mas uma leucemia que estava muito adiantada e que não tinha mais cura. Nesse
tempo eu tinha onze crianças carentes em casa e achava que isso já
era uma obra bastante grande. Não imaginava que muitas outras coisas
ainda aconteceriam. Então comecei o tratamento do meu filho com o Dr.
Simbra Neli, um cientista muito importante no Brasil. O meu filho tinha tumores
pelo corpo todo, inclusive no olho e no ouvido direito e não enxergava
nem ouvia mais. Quando chegamos perto da Páscoa ele disse:
"Mãe, eu queria
que você fosse ao colégio em que estudo - eu lecionava nesse colégio
pela manhã; no fundo do quintal tem uma gruta e tem uma imagem que eu
não sei de quem é, mas os meninos católicos acendem velas
perto dessa imagem para passar de ano e a imagem está muito suja".
Eu pintava pequenas peças de gesso durante a noite para dar conta do
sustento das onze crianças e do tratamento dele. Então ele continuou:
"Você pega aquela imagem e pinta para eu deixar de
lembrança para o colégio".
Naquele momento eu senti emoções
muito contraditórias, porque o meu filho estava morrendo e eu não
podia negar-lhe nada, mas pintar uma imagem era realmente muito desagradável
para mim, sendo protestante, de princípios muito bem plantados. Mas fui
buscar a imagem. Era uma imagem grande, tinha mais de 80 cm, tinha as mãos
abertas e estava muito suja. Eu a peguei pela cabeça e pus embaixo do braço; a diretora disse:
"Ah! você não pode levar a Nossa Senhora das Graças
debaixo do braço!". Então fiquei sabendo que era uma imagem
de Nossa Senhora das Graças. Para mim, pouca diferença fazia,
eu queria mais que a imagem caísse e quebrasse. Cheguei em casa, pus
a imagem em cima da mesa e comecei a limpá-la. Meia-noite eu devia dar
remédio para o meu filho. Ele tinha uma febre que subia muito e caía
de repente. Então, de duas em duas horas eu tinha que lhe dar remédio,
de dia e de noite. Quando o toquei percebi que estava queimando de febre. Ele
olhou para a imagem em cima da mesa e disse: "Puxa, como essa imagem está
linda!" E eu pensei que estivesse delirando por causa da febre, porque
era um menino criado na igreja Presbiteriana, que nunca tinha entrado numa Igreja
Católica. E continuou: "Vou fazer um voto para Nossa Senhora".
Eu senti todo o meu ser
se revoltar porque protestantes não fazem votos. Mas
o fato é que meu filho fez o seguinte voto: "Pelo tempo em que viver,
seja muito ou pouco, quero que a minha vida sirva a Deus e quero ter uma imagem
igual a essa em casa para eu me lembrar disso". Ele voltou a dormir, porque
quando tomava o remédio a febre baixava e ele dormia de novo. Foi então
que entrei num grande conflito de fé, porque não poderia ser fiel
à minha fé e deixar que meu filho fizesse um voto a Nossa Senhora, e muito menos ter uma imagem
dela em casa, se eu era a primeira a fazer grandes palestras sobre a inutilidade
de se olhar para Nossa Senhora. Comecei então a caminhar pela casa, muito
nervosa, até que chegou duas horas da manhã e fui dar o remédio
para o meu filho; mas, quando pus a mão nele, de novo, tomei um susto:
pensei que estava morrendo, porque a temperatura estava normal e tinham sumido
todos os tumores do corpo, até o tumor do olho e do ouvido. Ele abriu os
olhos, enxergou bem e disse: "Estou ouvindo, não sinto dor, estou
curado". E sem dúvida nenhuma, lá no céu Nossa Senhora
deve ter feito naquela noite por mim como fez nas bodas de Caná. Deve
ter dito para Jesus: "Jesus, o vinho da vida dessa mulher ignorante acabou
e ela não sabe pedir". E Jesus derramou o vinho da vida. Então
eu peguei o meu filho, sem entender nada, e levei-o de volta para o médico. Ele fez todos os exames e ao final me chamou
numa sala com os seus assessores e disse: "Você tem que me dizer
que remédio deu para ele, porque esse menino estava morto quando saiu
daqui". Eu disse: "Eu dei o seu remédio. A única coisa
diferente foi que meu filho fez um voto a Nossa Senhora e quis que rezássemos
uma Ave-Maria, mas eu não sei a Ave-Maria, por isso rezamos um Pai-Nosso".
O médico deu uma grande risada e falou: "A reza não
tem nada a ver com isso". Logo depois fui à minha
igreja. Eu tinha um cargo muito importante, eu deveria dar satisfações
do meu cargo ao pastor e ao conselho da Igreja, então fui e disse: "Eu
quero ficar na igreja Presbiteriana porque gosto muito daqui. Não quero
sair, faço um bom trabalho, mas tenho um pedido: no domingo quero pegar
o microfone e dizer para os nossos irmãos protestantes que Maria Santíssima
quer e pode interceder por nós. Ela não só faz isso porque não pedimos ela. Ela é
mãe dos católicos, é mãe dos evangélicos,
é mãe dos espíritas, é mãe dos ateus. Maria
Santíssima é a mãe de Jesus e Ele quis, na última
hora da sua vida, dividir sua mãe com todos nós. Acontece que
alguns filhos têm os corações mais duros e ingratos e passam
por ela sem perceber. E isso fazemos nós os evangélicos. Mas eu
quero dizer para eles no domingo que nós devemos voltar para nossa Mãe
do Céu". Eles não concordaram que eu dissesse isso e me falaram: "Você
vai para casa e fica lá dois ou três meses, lê a Bíblia
novamente e depois a gente esquece tudo isso". Aceitei, porque de fato
eu precisava de um tempo. Fui, portanto, para casa, li a Bíblia de novo
e, naquela mesma Bíblia onde eu já havia decorado grandes trechos,
encontrei e entendi a Eucaristia. No Evangelho de São João Jesus
dizia para mim: "O meu corpo é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida, quem come da minha carne e bebe
do meu sangue viverá para sempre. Eu fiquei muito mais apaixonada por
Jesus. Foi então que fui correndo para a Igreja e disse aos meus irmãos
do conselho: "Eu quero ficar na igreja Evangélica, não quero
sair, mas agora em vez de um problema nós temos dois, porque eu quero
ficar com Maria Santíssima e com a Eucaristia. Eu quero colocar um sacrário
na nossa igreja e que nós aprendamos alguma coisa sobre o Cristo maravilhoso que é vida, que vem
fazer parte do meu corpo, do meu sangue, da minha alma, da minha humanidade
e vem me transformar em verdadeiro sacrário. Posso carregá-lo
no meio dos outros homens". Evidentemente eles não aceitaram, porque
se aceitassem converter-se-iam todos ao catolicismo. Nós nos retiramos
da igreja Presbiteriana, fomos batizados na Igreja CATOLICA, fizemos a Primeira
Comunhão, eu, meu filho e as onze crianças que moravam comigo. O colégio nos deu
de presente aquela imagem que eu havia pintado. O meu filho esteve num seminário
onde fez até o segundo ano de Teologia, mas depois, de acordo com o bispo,
voltou para casa. Hoje é casado, tem três filhos e me ajuda na
casa, dirigindo o carro, levando as crianças para todo lugar. Atualmente
temos um orfanato com trezentas crianças. A partir do momento em que
eu consagrei a casa a Nossa Senhora, deixei-me levar de fato por Jesus e pedi ao bispo para colocar
um sacrário dentro de casa, fazendo com que Jesus passasse a viver com
a gente, aquelas onze crianças se transformaram em trezentas. Graças
a Deus! Agora estamos aumentando o trabalho, estendendo o orfanato para um asilo
de sessenta velhinhos desabrigados.
Um testemunho lindo que compartilho com todos!